domingo, 5 de dezembro de 2010

XXX - Descompressão

– Vai sair?!
Pedro deveria mesmo estar estranhando. Eu estava saindo do meu quarto, toda arrumada e cheirosa depois de ter chegado daquela maneira em casa.

– É... Parece... – Respondi fingindo tédio.


Ouvi o ronco da motocicleta de Nuno do lado de fora. Pedro também deve ter ouvido, pois voltou a perguntar sobressaltado:
– David?! – Certamente ele lembrou que meu ex também tinha uma moto.
– Só se eu fosse louca!


Abri a porta de casa o máximo para que Pedro pudesse ver com quem eu estava saindo, embora nem fosse necessário, pois Nuno estava plantado na entrada.
– Você está absurdamente linda, mas não acha que vai sentir frio? – Ele perguntou sorrindo e fitando meu mini-vestido tomara-que-caia.
– Pensei que você pudesse resolver isso...


Ele se arrepiou com a minha declaração e se aproximou do meu ouvido para pedir:
– Cole em mim, Léo... Deixa o resto comigo...
– Vamos?


– Claro! Você manda... Para onde?
Agora era eu que me debruçava sobre ele para responder quase sussurrando:
– Para sua casa...


Era um loft muito aconchegante, com uma decoração peculiar. Moderno e retrô se misturavam de forma harmônica. O único cômodo que possuía paredes era o banheiro. Mesmo assim, a porta era de vidro. Da entrada via-se quase tudo.
– Então... O que achou? – Nuno perguntou ao encostar seu corpo por completo atrás do meu, e roçando a barba cerrada na minha nuca.


Eu havia notado uma garrafa com duas taças de vinho sobre uma mesa de vidro, e rebati sua pergunta:
– Estava esperando alguém?
– Você...


Eu não estava a tanto tempo em uma abstinência que justificasse o calor que sentia naquele momento, portanto deduzi que era puro e sincero desejo. Virei-me e puxei-o para mim, grudando minha boca na dele com vontade. Nuno retribuiu apertando-me contra seu peito.


Eu teria arrancado as roupas dele e as minhas ali mesmo, se, com toda sutileza desse mundo, ele não tivesse interrompido aquele beijo para pedir:
– Dance comigo...


Eu dançaria mesmo que eu não soubesse. Eu faria qualquer coisa que ele me pedisse. Larguei minha bolsa ao lado do vinho e o segui até o jukebox no fundo da sala. Ele então procurou uma música.
– Gosta de jazz?
Meu Deus, ele ouvia jazz! Certo, ele era professor de dança, eu deveria presumir.
– Jazz é perfeito...


Com a mão esquerda, ele segurou a minha oposta, para me conduzir. A direita, ele descansou um pouco abaixo da minha cintura.
– Custo a acreditar que você esteja aqui comigo, Léo...
– Eu posso te beliscar se você quiser... – Provoquei.


A mão dele deixou a minha, para junto com a outra, me puxar para mais perto. Não reclamei.
– Eu vou adorar... Só temo sermos interrompidos mais uma vez...
– Ninguém sabe onde eu estou, e nem trouxe meu celular...


– Não diga esse tipo de coisa... Não sabe o quanto é perigoso? – Brincou.
– Não sei, não... Você vai me mostrar?


Nuno desceu as mãos e me apertou mais forte. Eu não consegui mais resistir e me pus na ponta dos pés para beijá-lo. A barba cerrada fazia cócegas no meu rosto e só aumentava o meu desejo. Suguei sua boca com força demais.


– Você está tensa, gata. O que houve?
– Apenas me faça relaxar, Nuno... Pode fazer isso? – Inspirei. – Por favor?


Nuno atendeu minha súplica, e abriu o zíper do meu vestido. Passeou os dedos pelas minhas costas, ao mesmo em tempo que roçava a boca no meu pescoço, causando um arrepio que percorria minha pele e eriçava os pelos escassos do meu corpo.


Eu nem percebi de que forma arranquei a blusa do moreno dos olhos cuja cor eu não podia definir, e pude rever o peitoral que eu jamais esqueceria. Ele retribuía meu afã, beijando e arranhando meu colo com aquele queixo áspero.


 E se ainda houvesse algum lapso na minha memória da nossa primeira noite, ele agora não mais existia. Sequer tocamos no vinho branco reservado para a ocasião. Eu tomava iniciativa e Nuno sussurrava coisas como “você é maravilhosa” ou “se eu me perder aqui a culpa é sua”. 


Não sei que horas eram quando simplesmente apaguei em seu abdômen. Completamente saciada e exausta. Nuno era a vacina que eu precisava.


Acordei muito cedo. Tentei me movimentar com todo o cuidado para não despertar Nuno de seu sono. Já colocava meus pés para fora da cama quando escutei:
– Está fugindo, Léo?


 Ele se ajeitou de lado na cama e eu voltei para encará-lo. Quase encostei meus lábios nos dele ao dizer:
– Foi perfeito, Nuno... Mas eu preciso ir...
– Deixe ao menos eu ser um cavalheiro e levá-la em casa...


– Está cedo demais, você não precisa levantar agora...
– Nem você... Mas não vou insistir. A porta da casa está aberta para você, Léo... A do meu coração também.


Eu não soube o que dizer. Em um movimento rápido e elegante, típico de um bailarino, ele se agachou de frente para mim, segurou meu queixo e beijou minha testa.
– Se cuida, garota!



2 comentários:

  1. Tá... Eu acho que precisava de uma noite assim, com alguém de porta e coração aberto! .-.
    Ah! Mas eu não sou a Léo, comigo ele diria: "foi legal, mais quero dormir, tchau!"
    rsrsrsrsrsrsrsrs

    AMO!
    bjosmil! *.*

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  2. Será? Huahsuahsuah, realmente acho que a Léo não sabe a sorte que tem! =P

    Obrigada! bjks

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