quarta-feira, 22 de setembro de 2010

I - Léo


– Tá legal, Pedro, já ouvi! Pode me deixar em paz? – Resmunguei sem tirar a cara do meu livro.
– Você quem sabe, Léo! – Ele fingiu não se importar, mas fazia isso muito mal. A resignação em sua voz o entregava. Sempre.



Pedro deu de ombros e virou-me as costas. Eu não gostei da pouca atenção que ele me dispensou desta vez, e chamei:
– Hey!

Ele parou.



Pedro era como um irmão de criação. Bem... Talvez não, porque o que ele sente por mim não é um amor exatamente fraternal. Eu não tinha plena consciência disso até então.



Perdi minha mãe de forma prematura, em um acidente. Desde então meu pai está sempre tentando compensar sua falta. Não existe nada que Dr. Olívio não faça por mim, e não me refiro apenas a coisas materiais.



Papai precisava seguir em frente e acabou por se apaixonar de novo. Dora – a mãe de Pedro e razão de seu afeto – era de origem humilde, seu marido a abandonou com um bebê por criar e ela sempre precisou batalhar muito para se sustentar. Era garçonete de lanchonete de beira de estrada quando conheceu meu pai.



Sorte dela. Não que ela tenha se casado com papai por interesse. Tenho certeza que ela o ama, tanto quanto tenho certeza de que me tem como a uma filha também.



Com o casamento eu ganhei uma madrasta e um irmão. Em pouco tempo, nós dois criamos um laço muito forte de amizade. Eu devia ter por volta de 12 anos de idade. Pedro cuida de mim até hoje, embora eu tenha idade o suficiente para cuidar de mim mesma.



– O que você quer? – Ele perguntou ao se virar para mim novamente.
– Quem você está indo ver desta vez? A intelectual ou a idiota?



– Augusta é sua amiga, Léo, você não devia se referir a ela desta maneira!
– Ah! Vai sair com a idiota! E ela não é minha amiga, ela ESTÁ – fiz questão de frisar o verbo – minha amiga... É do interesse dela.



– Posso ir?
– Hummm... – Fingi estar ponderando, antes de responder. – Ainda não! Preciso de ajuda com minha pesquisa, que horas você volta?



– Eu não estava pretendendo voltar hoje, Léo!
Lancei mão do artifício que funcionava na maioria das vezes, e me pendurei em seu pescoço. Lânguida.
– Mas meu trabalho é pra amanhã! Eu sei que não vou dar conta sozinha...



– Porque você sempre faz isso?
– Isso o quê? – Dissimulei.



– Isso, Léo! Isso é baixo sabia?
– Olha quem está falando! Quantas meninas do campus você já beijou só essa semana, “maninho”?



– Não me compare! Não tento levar vantagem fazendo joguinhos...
– Desculpa, mas... Nem ia conseguir mesmo... – Ironizei. Aquilo foi cruel. Pedro era lindo, sempre foi, mas não sabia nada mesmo da arte da conquista.



– Tá certo, Léo! Eu volto lá pelas nove e posso te ajudar. – Virei-me de costas para que ele não percebesse meu seu sorriso vitorioso. – Mas vou trazer Augusta para dormir... É justo, já que terei de dedicar a você algumas horas da noite que prometi só pra ela.
– Está tentando me fazer ciúmes, Pedro? Ainda se fosse a Luiza... Ela é pobre, mas pelo menos sabe contar até 10!



Ele saiu sem responder. Detestava que falassem mal de seus amigos. E isso incluía até mesmo David, mas não Augusta... Esta só deve ser amiga dela mesma. Não sei como a Geórgia consegue dividir o mesmo quarto com aquela criatura.



Liguei pra Nicole. Se era pra passar a noite ouvindo os gemidos vindos do quarto ao lado, pelo menos que fosse dando boas risadas. Porque o meu namorado tinha que me deixar na mão logo hoje? 



– Ué, cadê o David? – Eu sabia que ela perguntaria.
– Vai sair com Doda... Boliche, sei lá... Nem me interessa, não gosto daquele garoto! – Respondi ao telefone. 



– Mais um motivo pra não deixar seu namorado sair sozinho com ele.
– David não ousaria me trair! E sinceramente, não tenho estômago para aturar aquele canalha.



– Não entendo você não falar nada...
– Não acho que David acreditaria em mim... E depois, sei bem o que a língua ferina dele pode fazer com minha reputação... Aquele babaca já nos pegou numa situação que... Bem... Eu teria vergonha de narrar até mesmo pra você! – Suspirei antes de continuar. – Enfim, você pode me salvar, ou não?



– O que eu não faço por você, Léo?





8 comentários:

  1. *---*

    Gosto do blog por causa do tamanho da imagem... Agora vou ver meu Dodinha ainda melhor.. asuhauhsuahsuahs [parey] .-.

    Vai ficar melhor pra reler aqui *-*

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  2. Filhota também adorei esse tamanho! *-------*
    E agora tb dá pra botar o índice na ordem inversa e cada atu numa página... Tô menos traumatixada, ahsaushaushuahs!

    Brigada! Bjks!

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  3. Ok... Eu não vou comentar, por que estou relendo, embora a memória falhasse em alguns pontos, sei exatamente o que vem pela frente. hehehehehe Mas... Vou comentar que a releitura é sempre estimulante!
    bjosmil!

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  4. Obrigada, Mita Querida! *-*

    ..: Bjks :..

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  5. Por que fui a última a saber do blog? :(
    É ótimo poder acompanhar novamente!
    Beijos, mamy.

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  6. Filhota, com certeza vc não foi a última, muita gente ainda não sabe... Não posso fazer propaganda na Kachu... Então usei os meios que tinha a minha mão... MSN, orkut, twitter, facebook... Foi o que pude fazer... ;] Ainda bem que vc achou de alguma forma e que bom tb contar com vc por aqui...

    ..: Bjks :..

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  7. Essa Atuh é uma delícia!! .baba.
    Pedro de montão e em fotos Enoooormes!!
    Vai ser maravilhoso acompanhar tudin de novo!! *-*

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  8. Mynna! Pedro é delícia mesmo, ashaushauhsaus! Adoro o tamanho das fotos *-----*

    Maravilhoso é ter vc aqui! S2

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